Religião Afro- Brasileira - Candomblé

 

Candomblé

 

Diferentemente da Umbanda, cujo início aconteceu no Brasil, o Candomblé tem sua raízes na longínqua África, tendo chegado ao país através dos escravos trazidos daquele continente, vindos principalmente do Congo e de Angola e pertencentes à tribo banto ou bantu.

O candomblé (religião de negros yorubá como é definido no Dicionário de Aurélio Buarque) embora possua muitas divindades (orixás), é considerada por seus seguidores como monoteísta, pois possui uma divindade principal Olorum, que comanda todas as outras. A palavra Candomblé significa dança e era o nome de uma dança religiosa que era praticada na África para evocar ou realizar preces aos orixás. Com a vinda dos escravos para o Brasil acabou sendo utilizado o nome candomblé para denominador esta religião de culto aos orixás, onde a dança está sempre presente.

Logo que o candomblé chegou ao Brasil foi muito combatido, tanto pelos padres como pelos portugueses. Para fugir das perseguições, os negros passaram a utilizar de sincretismo com santos católicos, conseguindo assim mais liberdade para suas práticas religiosas. Atualmente o candomblé resgatou suas raízes, retornando as práticas originais.

A grande diferença que o candomblé guarda de outras religiões é que não há nele nenhuma preocupação de caráter moral, não há esforço algum para alcançar um paraíso. O grande objetivo é o de viver, a vida na Terra, da melhor forma possível, buscar a felicidade sem restrições, sendo que para isto muitas vezes é necessário recorrer ao auxílio dos orixás, que em troca de favores ou pagamentos ajudam seus protegidos a alcançar seus intentos. Como não existe concepção moral, também não existe juízo de valores, admitindo-se “contratar” os orixás para qualquer finalidade, seja a de conseguir um amor, seja para prejudicar um desafeto. Também não é preciso ser um seguidor do candomblé para se requisitar os favores dos orixás, aliás, os clientes são responsáveis por boa parte dos recursos que mantém os terreiros.

Outra característica dessa religião é que todos os seus seguidores, após sua iniciação, passam a fazer parte de uma hierarquia, onde podem ascender, chegando a pai ou mãe de santo, que é o mais alto grau dentro do candomblé e embora nem todos vão obrigatoriamente chegar lá, esta perspectiva é importante porque como a maioria dos seguidores vem de setores carentes da sociedade, enxergam nessa possibilidade uma ascensão social.

 

Todos os seguidores do candomblé, segundo suas características físicas e de personalidade, estão vinculados a um orixá, do qual guardam semelhança. Como os orixás, possuem características bastante humanas, inveja vaidade, ciúme e raiva, são facilmente identificáveis neles, o que facilita esta identificação entre o orixá e o seu “filho”. Segundo as tradições os doze principais orixás cultuados no Brasil e suas características são:

  1. Exu - Orixá mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Só através dele é possível invocar os orixás. É atrevido e agressivo.
  2. Xangô - Deus do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos e protege advogados e juízes. É atrevido e prepotente.
  3. Iansã - Deusa dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios e dona da alma dos mortos. É impulsiva e imprevisível.
  4. Oxum - Deusa das águas doces (rios, fontes e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor. É maternal e tranqüila.
  5. Iemanjá - Considerada Deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade. É maternal e tranqüila.
  6. Ogum - Deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como Deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso. É impaciente e obstinado.
  7. Oxalá - Deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é representado de duas maneiras. Oxaguiã, jovem, e Oxalufã, velho. É equilibrado e tolerante.
  8. Oxossi - Deus da caça. É o grande patrono do candomblé brasileiro. É intuitivo e emotivo.
  9. Obaluaiê - Deus da peste, das doenças da pele e, atualmente AIDS. É o médico dos pobres. É tímido e vingativo.
  10. Ossaim - Deus das folhas e ervas medicinais. Conhece seus usos e as palavras mágicas (ofós) que despertam seus poderes. É instável e emotivo.
  11. Oxumaré - Deus da chuva e do arco-íris. É ao mesmo tempo, de natureza masculina e feminina. Transporta a água entre o céu e a terra. É sensível e tranqüilo.
  12. Nana - Deusa da lama e do fundo dos rios, associada á fertilidade, à doença e à morte. É a orixá mais velha de todos e, por isso, muito respeitada. É vingativa.

Apesar de ser muito confundido com a umbanda, o candomblé guarda grandes diferenças deste, destacando-se:

 

Candomblé

Umbanda

·        Deuses: Orixás de origem africana. Nenhum santo é superior a outro. Não existe o Bem e o Mal, isoladamente.

·        Deuses: As entidades são agrupadas em hierarquias, que vai dos espíritos mais "baixos" (maus) aos mais "evoluídos” (bons).

·        Culto: Louvação aos orixás que "incorporam" nos fiéis, para fortalecer o axé (energia vital) que protege o terreiro e seus membros.

·        Culto: Desenvolvimento espiritual dos médiuns que, quando "incorporam", dão passes e consultas.

·        Iniciação: Condição essencial para participar do culto. O recolhimento dura de sete a 21 dias. O ritual envolve o sacrifício de animais, a oferenda de alimentos e a obediência a rígidos preceitos.

·        Iniciação: Não é necessária. O recolhimento é de apenas um ou dois dias. O sacrifício de animais não é obrigatório. O batismo é feito com água do mar ou de cachoeira.

·        Música: Cânticos em língua africana, acompanhados por três atabaques tocados por iniciados do sexo masculino.

·        Música: Cânticos em português, acompanhados por palmas e atabaques, tocados por fiéis de qualquer sexo.

 

O candomblé faz parte das religiões ditas mágicas, seu caráter “a-ético” atrai muitos seguidores, principalmente entre os chamados excluídos, assim como foram os escravos que vieram para o Brasil.  A busca pela felicidade evocando-se forças divinas, a possibilidade de se conhecer o futuro e de alterá-lo conforme a vontade são possibilidades atraentes, mesmo que se tenha que pagar um preço por isto. Todos estes aspectos fazem desta religião a esperança e o ponto de apoio para muitos que não encontram em si, forças para vencer as adversidades.

 

 

Fontes:

www.geocities.com/SoHo/Lofts/6052

https://jorixas.sites.uol.com.br/htmlpt/intropt.htm

https://planeta.terra.com.br/arte/candomble

www.edeus.org

www.seapongol.org

Revista Super Interessante-Editora Abril - Janeiro/95