Protestantismo |
Os primeiros anos do século XIV foram para a Europa o início de uma fase de grandes transformações, o aparecimento do renascimento foi a manifestação da necessidade de renovação que o povo ansiava após um longo período de guerras, fome e doenças. Esta mudança nos conceitos começou pelas artes, mas rapidamente atingiu as ciências, a economia, as relações sociais e finalmente no século XVI, a religião, levando a Igreja a sofrer um duro golpe na sua estrutura e nos seus conceitos cujas conseqüências perduram até os dias de hoje. Apesar da eclosão do movimento de reforma ter acontecido no século XVI, suas primeiras manifestações aconteceram ainda no século XII, primeiramente com John Wycliff, professor em Oxford, que fez um estudo detalhando dos textos bíblicos e traduziu a Bíblia para o inglês. A partir deste trabalho Wycliff verificou a distância que separava as práticas da Igreja dos escritos sagrados e passou a combater o acumulo de bens por parte da Igreja, seus dogmas, o culto aos santos e o próprio clero, além disso, defendeu a libertação da Inglaterra da influência papal. Posteriormente Johan Huss, professor na Bohemia, deu continuidade aos esforços de Wycliff, incitando o povo tcheco a opor-se ao clero alemão, esta situação levou a graves conflitos no campo e a prisão de Huss, que posteriormente foi queimado vivo. Embora este primeiro movimento por mudanças tenha sido contido, sua semente já estava plantada. Os fatos que se seguiram, e o advento do renascimento foram os elementos necessários a eclosão da reforma. Nos séculos seguintes a Igreja permaneceu estática, avessa a qualquer evolução, não acompanhando as mudanças no pensamento e no comportamento das sociedades, além de continuar mantendo as suas práticas de acúmulo de terras, venda de indulgências, enriquecimento do clero, todos estes fatores, somados ao grande poder exercido pela Igreja em toda a Europa começaram a desagradar a monarquia, que tinha no papa, um empecilho ao absolutismo e, portanto, precisava ser afastado. Na Alemanha da época, reinava o total descontentamento, reunindo todas as condições para reforma. E exatamente lá o frade agostiniano Martin Lutero (1483 – 1546), manifestando todo o seu descontentamento com as práticas da Igreja, publicou suas idéias em 95 teses afixadas na porta da catedral de Wittenberg. Neste documento Lutero condenava abertamente, entre outras coisas, a indulgência, o culto a imagens, o jejum, a doutrina e a liturgia católicas. Ao que tudo indica, o objetivo de Lutero não era a cisão na Igreja, mas sim denunciar aquilo que julgava errado e levar a uma revisão dos procedimentos da mesma. A princípio o papa deu muita importância ao fato, mas após Lutero publicar o livro Liberdade Cristã, o papa exigiu uma retratação como esta não veio, Lutero foi excomungado e perseguido, sendo protegido pela nobreza alemã, que tinha todo interesse no enfraquecimento da Igreja. Com total apoio na Alemanha, a igreja luterana prosperou. Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e o latim foi abolido nas liturgias, outras mudanças foram: justificação da salvação do homem apenas pela fé; aceitação doutrinária da predestinação; abolição dos sacramentos permanecendo apenas o batismo e a eucaristia; abolição do celibato clerical; rejeição da hierarquia eclesiástica católica. As idéias de Lutero vinham exatamente ao encontro dos interesses do estado moderno, e ao desejo de renovação religiosa das pessoas, o que facilitou sua difusão por todo o continente. Entretanto, em cada país foram sendo feitas mudanças, criando assim, vários seguimentos protestantes, com destaque para o calvinismo e o anglicanismo. O primeiro foi idealizado por Calvino na Suíça, sendo muito mais radical do que o luteranismo perseguiu e matou muitos inocentes reproduzindo muitos equívocos cometidos pela Igreja católica. Já o anglicismo foi uma iniciativa de Henrique VIII, rei da Inglaterra que ao ter seu pedido de casar-se pela segunda vez negado pelo papa rompeu com a Igreja, e tornou-se o chefe desta nova igreja. Como pudemos observar todo este movimento foi fruto de vários séculos de excessos cometidos pelos que comandavam a Igreja Católica da época, que adotaram práticas distantes dos ensinamentos do Evangelho e Afastaram-se do rebanho de Jesus, abrindo espaço para novas formas de pensamento religioso. Não podemos avaliar qual seria a posição de Lutero em relação ao grande número de religiões protestantes que existem atualmente, mas temos que reconhecer que muitas delas têm sido instrumentos importantes de aproximação do homem com Deus e, portanto, têm dado uma contribuição para a construção de um mundo mais cristão, que é sem dúvida a grande meta a ser perseguida por todos nós.
Fontes: História Geral – Heródoto Barbeiro História Geral – Osvaldo R. de Sousa A Reforma Protestante – www.cacp.org.br Reforma – Reforma Protestante - www.ficharionline.com/historia/reforma_protestante.php |